Dinheiro, sociedade e clima são os principais temas da pauta de riscos na América Latina e no Caribe

Riscos e resiliênciaArtigo22 de novembro de 2023

De acordo com a última Pesquisa de Opinião Executiva do Fórum Econômico Mundial, além das pressões econômicas, o que também preocupa os líderes da LATAM são a coesão social e os riscos ambientais

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A pauta de risco para os líderes da América Latina e Caribe (LATAM) está alinhada com a média global, considerando-se que os riscos econômicos, sociais e climáticos ocupam os primeiros lugares na Pesquisa de Opinião Executiva (EOS) do Fórum Econômico Mundial. A EOS reúne percepções de risco de 11.000 entrevistados em 110 países e seus territórios, reunindo insights sobre as principais preocupações dos líderes globais.

As questões econômicas estão no topo das preocupações dos líderes da América Latina, refletindo os mesmos sentimentos em todo o mundo. A perspectiva de uma recessão econômica iminente é o principal risco nos países da América Latina, enquanto outros dois riscos financeiros (da dívida pública e da inflação) aparecem em segundo e terceiro lugar, respectivamente. A dívida pública é também uma das cinco principais preocupações em duas outras regiões: Europa, além do Oriente Médio e Norte de África (MENA).

O foco dos líderes da LATAM nas pressões fiscais resulta da desaceleração do crescimento em 2023. A região resistiu bem ao choque causado pela pandemia e à crise energética global, porém o crescimento econômico deverá sofrer queda de 4,1% em 2022 para 2,3% neste ano. A inflação global é outra preocupação importante em nove entre 10 outras regiões, embora as previsões sugiram que poderá haver diminuição de 6,9% em 2023 para 5,8% em 2024, resultado da restrição aplicada à política monetária.

5 maiores riscos

O impacto das mudanças climáticas ocupa grande parte da preocupação dos líderes da América Latina. Eles classificam os eventos climáticos extremos como o quinto maior risco, equiparando-se aos líderes da América do Norte e da Oceania, que também enxergam as mudanças climáticas como um risco principal, o que talvez não cause surpresas se considerado o impacto crescente das mudanças climáticas na região. Somente neste ano, uma onda de calor no inverno sem precedentes cobriu partes da América do Sul e mantendo a temperatura de inverno mais alta já registrada no hemisfério sul. Em comparação com outros líderes mundiais, os países da LATAM também classificaram o risco de desastres naturais não relacionados com o clima quase duas vezes mais alto na sua lista, colocando-o na 17ª posição.

Além das pressões financeiras e climáticas, os líderes da LATAM também observam uma pauta de riscos dominada por preocupações sociais. Eles classificaram a erosão da coesão social e do bem-estar em quarto lugar, refletindo os sentimentos dos líderes do G20, que também posicionam esse risco entre seus cinco primeiros.

Alguns riscos estão ocupando muito menos espaço na pauta de riscos da América Latina do que em outros lugares. Para os líderes da LATAM, o risco de um conflito armado interestadual fica próximo ao final da lista, ocupando o 26º lugar, sugerindo que esses líderes se sentem mais isolados das tensões globais do que os líderes de outras partes do mundo.

As preocupações dos países da LATAM refletem àquelas sentidas no mundo todo, ressaltando-se as pressões financeiras e sociais. Entretanto, um foco regional sobre riscos ambientais, alimentado pela crescente gravidade dos impactos das mudanças climáticas, também toma um espaço significativo quando se trata da preocupação dos líderes da LATAM. A cooperação entre empresas, governos e seguradoras é indispensável para enfrentar esse cenário de risco complexo e desenvolver resiliência.