A COVID-19 cria a “tempestade perfeita” para a temporada de eventos climáticos extremos deste ano

Riscos e resiliênciaArtigo26 de agosto de 2020

As consequências da COVID-19 na temporada de eventos climáticos extremos de 2020 e a estratégia de cinco etapas que pode ajudar sua empresa a se preparar para esse evento.

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Enquanto o mundo tenta controlar a pandemia da COVID-19, outra crise global já está em andamento. Pelo quarto ano consecutivo, os eventos climáticos extremos são considerados o maior risco global por probabilidade nos próximos dez anos, de acordo com o Relatório Global de Riscos do Fórum Econômico Mundial elaborado em colaboração com a Zurich Insurance Group.

Com o início da temporada de eventos climáticos extremos deste ano, quando algumas partes do mundo normalmente se preparam para furacões e monções, enquanto outras se preparam para períodos secos e ondas de calor. Porém, a sazonalidade do clima extremo não deve ser diminuída nem induzir complacência.

Em maio deste ano, a Baía de Bengala enfrentou o ciclone mais forte em quase duas décadas, quando o Ciclone Amphan atingiu a costa leste da Índia e Bangladesh com inundações e ventos de 185 quilômetros por hora.

“Ao analisar as perdas acumuladas por catástrofes globais nos últimos 30 anos, 30% dessas perdas ocorreram nos últimos dois anos”, afirma John Scott, chefe do departamento de Risco a Sustentabilidade da Zurich Insurance Group.

“Para o Brasil e de acordo com os dados do IBGE, a exposição dos municípios a desastres naturais é mais alta em áreas urbanas, devido a construção de moradias, rodovias e outras obras que interferem na drenagem da água das chuvas e nos processos erosivos. As secas foram o tipo de desastre que afetou a maior parte dos municípios brasileiros: 2.706 (48,6%), seguido por alagamento (31%) e enchentes ou enxurradas (27%).” Alerta Andressa Meireles, gerente técninca regional de engenharia de riscos da Zurich no Brasil.

Evidencia ainda, que ’’segundo a IBGE “53,9% dos municípios da região sul foram atingidos por alagamento, 51% por enchentes ou enxurradas, 25% por deslizamentos e 24,5% por erosão acelerada segundo o último censo demográfico 2010. Alerta também que ‘’10 anos depois da publicação desses dados a situação com certeza é mais crítica devido ao crescimento permanente das cidades, à obsolescência dos sistemas de drenagem e as mudanças climáticas.’’

Quase todas as métricas analisáveis mostram uma tendência de aquecimento global, sendo os últimos cinco anos considerados os mais quentes já registrados. “Esse aumento do aquecimento pode exercer impacto significativo em eventos climáticos extremos, especialmente períodos prolongados de calor ou frio extremos, e as repercussões dessas tendências globais podem variar significativamente em cada localidade”, acrescenta Scott.

Acompanhamento dos riscos naturais

“Além das ondas de calor extremas, o derretimento das geleiras terrestres causou um aumento do nível do mar. Quando esses aumentos dos níveis do mar se combinam com a baixa pressão do ar, eles podem criar inundações significativas causadas por tempestades pontuais, situação em que já registramos aumento”.

O surto inesperado da COVID-19 comprometeu a infraestrutura essencial e sobrecarregou sociedades, indústrias e governos. À medida que o mundo adentra essa nova temporada climática, fazer negócios da forma usual definitivamente não é uma opção.

“O foco de muitas empresas no momento, especialmente pequenas e médias empresas, é a sobrevivência”, alerta o Dr. Amar Rahman, Líder de Prática Global em Engenharia de Riscos da Zurich Insurance Group. “Os recursos mobilizados pelos governos estão totalmente focados na manutenção das atividades das empresas, manter a economia e retornar a vida das pessoas a normalidade. Além disso, as infraestruturas de serviços de emergência e saúde estão sobrecarregadas tentando gerenciar a pandemia em andamento. Mesmo um evento de risco natural relativamente pequeno criaria uma pressão desproporcional num sistema já sob pressão. O que isso significa, em termos de eventos climáticos extremos, é iniciar a fase de preparação muito mais cedo do que o habitual”.

O planejamento no nível de grupo é a primeira das cinco etapas de preparação do relatório da Zurich: ‘Gerenciamento dos impactos das mudanças climáticas: respostas da gestão de riscos – segunda edição’. Identificar os riscos corporativos e estratégicos mais amplos requer uma análise detalhada das operações de toda a empresa, assim como o entender os principais fluxos de receita e as cadeias de valor da rede.

A segunda etapa requer uma abordagem mais detalhada, com um planejamento para cada local, como, por exemplo, ao definir uma equipe de resposta a emergências, identificar as autoridades locais responsáveis pelo monitoramento de eventos e determinar os pontos essenciais do valor local (infraestrutura local, serviços públicos) e cadeias de fornecimento.

“Como exemplo de entendimento da cadeia de valor, quando ocorreram as inundações na Tailândia em 2011, cada região expôs sua vulnerabilidade. Muitas empresas perceberam subitamente que a Tailândia é um dos principais fornecedores de microchips e, portanto, os fornecedores dos níveis mais baixos foram repentinamente afetados, e as empresas não tinham mais produtos para continuar suas operações. Isso mostra que é absolutamente vital que as empresas entendam todos os níveis de suas operações e tratem os eventos de baixa probabilidade e alto impacto com o mesmo nível de rigor de gestão de riscos que os eventos mais frequentes”, acrescenta Rahman.

“Também é importante, nesta fase, entender quem em sua organização tem autoridade para implementar os planos de resposta a emergências e de continuidade dos negócios, pois algumas das ações de mitigação que precisam ser implementadas durante um evento climático extremo podem ter repercussões financeiras em sua operação”.

A terceira etapa é preparar um local quando um evento é iminente e mobilizar as pessoas designadas no local para garantir a desativação segura das operações. “Em um ambiente em que as sociedades estão trancadas para reduzir a disseminação da COVID-19, a aquisição de itens como sacos de areia para lidar com inundações ou painéis para proteger janelas de objetos lançados no ar será muito mais difícil, pois tudo isso requer uma força de trabalho humana. Quem irá fazer isso?” diz Scott.

A crise da COVID-19 pressionou enormemente os serviços de resposta a emergências e as cadeias de fornecimento essenciais. Em Calcutá, com o aumento das taxas de infecção, evacuar a população local do Ciclone Amphan, significa um provável aumento das infecções por COVID-19 nos centros de assistência lotados e maiores desafios em alimentar tal número pessoas deslocadas por equipes de resposta a emergências já afetadas pela crise da COVID-19. Caso ocorra um evento climático extremo, a quarta etapa orienta as empresas através de um plano de resposta local, exigindo comunicação clara e constante na parte afetada de uma organização, bem como com as partes externas, reduzindo ao mesmo tempo comunicações desnecessária entre aqueles que não estão diretamente envolvidos na ação de resposta.

A quinta e última etapa da estratégia de gestão da Zurich lida com a recuperação do local, que depende em grande parte do rigor e preparação das quatro etapas anteriores. As operações no local que forem abertas novamente dependerão de verificações de segurança rigorosas. Os aprendizados devem considerados em todas as etapas da estratégia de gestão para ajudar a aumentar a resiliência.

“Não estamos nem perto do final da crise da COVID-19, por isso nunca é tarde para começar a reformular e revisar sua estratégia.”

A temporada de eventos climáticos extremos deste ano já está em andamento, exigindo que as empresas ajam agora. “Não é tarde demais para reavaliar as primeiras etapas da estratégia de cinco etapas” diz Rahman. “A situação está em constante evolução. O que as organizações precisam fazer é aprender a ser mais ágeis nesse tipo de situação. “Não estamos nem perto do final da crise do COVID-19, por isso nunca é tarde para começar a reformular e revisar sua estratégia.”

“Não estamos nem perto do final da crise do COVID-19, por isso nunca é tarde para começar a reformular e revisar sua estratégia.”

2020 será um ano como nenhum outro. Enquanto o mundo se recupera de uma extraordinária sequência de eventos, para as empresas que enfrentam esses eventos climáticos, é necessária uma preparação minuciosa. “Como regra geral, cada US$ 1 gasto antecipadamente com preparação e resiliência US$ 5 em danos pós-evento é economizado”, conclui Scott. “Agora é a hora de adotar o lema ‘Esteja preparado’”.

Principais Tópicos:

  • A sazonalidade do clima extremo não deve diminuir sua importância nem induzir complacência.
  • Agora é a hora de reavaliar as primeiras etapas da sua estratégia
  • Agilidade e preparação são a chave para a resiliência contra eventos climáticos extremos

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