O futuro dos benefícios e seguros de funcionários no mundo pós-COVID-19

Proteção da força de trabalhoArtigo16 de outubro de 2020

Trabalhando juntos, podemos ajudar os profissionais a ter a segurança financeira e a tranquilidade necessárias para enfrentar os desafios atuais no mundo do trabalho.

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A pandemia causou um profundo choque econômico, com milhões de desempregados ou profissionais trabalhando por meio período.  As empresas e seus funcionários estão enfrentando desafios consideráveis, e é improvável que o mundo do trabalho retome a situação anterior à COVID-19 por alguns anos, se é que algum dia a retomará.

Com o desgaste dos sistemas de apoio social, o fardo desse cenário desafiador recai cada vez mais sobre os indivíduos. No entanto, a pandemia também reforçou o quanto tantas organizações dependem de seu capital humano para recriar as operações de forma a refletir as novas circunstâncias.

Moldando um mundo de trabalho melhor: Perspectiva do empregador, um de nossos mais recentes relatórios, conclui que há um crescente consenso de que empresas com a pretensão de serem empregadores preferenciais devem assumir maior responsabilidade por adaptar suas ofertas de seguro e os benefícios relacionados às necessidades em evolução dos funcionários. Isso, por sua vez, indica a importância dos recursos humanos, e da função de remuneração e benefícios na estratégia global da empresa.

O relatório “Perspectiva do empregador” e o relatório principal mais recente “Moldando um mundo de trabalho melhor: Os argumentos em defesa de um novo contrato social” utilizam informações da colaboração em pesquisa de cinco anos do Zurich Insurance Group com a Smith School of Enterprise da Universidade de Oxford. As informações têm base em respostas de cerca de 19 mil profissionais em 17 países, 1.200 empresas, pesquisas de consumidores e entrevistas detalhadas com clientes corporativos da Zurich sobre o futuro do trabalho em meio a uma pandemia.

Sabemos que a vulnerabilidade financeira das pessoas no passado afeta sua saúde financeira no longo prazo. Os efeitos da COVID-19 poderiam ser sentidos mesmo após o surgimento e desaparecimento de uma recessão amplamente prevista (ou mesmo uma depressão). Se deixadas por conta própria, a tendência das pessoas de planejar a aposentadoria e outras metas financeiras de longo prazo será minada.  Tudo isso aponta para uma forte necessidade de os empregadores desempenharem um papel essencial em fornecer segurança quanto à aposentadoria de seus funcionários e também orientação sobre como compor e gerenciar ativos ao longo de suas carreiras. Como todos trabalhamos por mais tempo e com cada vez mais responsabilidade sobre as pessoas, a saúde e o bem-estar devem ser considerados um dos ativos mais valiosos a serem protegidos.

Ao mesmo tempo, se antes os benefícios nem sempre eram importantes para os funcionários, agora há uma oportunidade para aproveitar o interesse e engajamento recém-descobertos. Antes da pandemia, o histórico da importância dos seguros e benefícios relacionados para os funcionários era misto. Agora que muitos passaram por um choque financeiro, parece que haverá mais possibilidades para os empregadores usarem os benefícios como uma ferramenta de motivação dos funcionários. Especificamente falando, embora a geração de millenials tenha sido menos receptiva aos benefícios dos seguros como incentivo para aceitar ou permanecer em um emprego antes da COVID-19, agora será mais avessa ao risco e provavelmente se discutirá essas questões com os empregadores.


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Antes do início da pandemia, ocorreram movimentações nos sistemas de benefícios oferecidos por empresas, visando a individualização dos pacotes de saúde e bem-estar. Além disso, uma quantidade considerável de recursos foi investida em sistemas on-line e treinamentos, para que os funcionários pudessem entender melhor as opções à sua disposição. É provável que haja continuidade dessa tendência, independentemente dos efeitos da COVID-19. Dito isso, os custos para algumas empresas em dificuldades financeiras devido à pandemia podem ser tão altos que elas não serão capazes de manter diferentes tipos de sistemas de benefícios de saúde e bem-estar para diferentes funcionários. 

Nossa pesquisa sugere que as empresas se esforcem para cumprir os padrões regulatórios e da indústria quando o assunto é oferecer benefícios e “ficarem para trás”, o que poderia prejudicar sua competitividade em relação a seus pares na mesma jurisdição. Uma minoria de empresas oferecerá benefícios além do mínimo exigido por lei devido à concorrência. Isso pode ser verdade mesmo em países onde previdências trabalhistas são obrigatórias, como Suíça e Austrália. Contudo, no geral, poucos empregadores veem uma grande vantagem em ser referência no setor quando se trata de oferecer benefícios atraentes, considerando os custos necessários e a relativa falta de engajamento dos funcionários.


“Os jovens em especial devem entender que seu maior ativo é sua renda futura e que precisam protegê-la.”

Stefan Kroepfl, Diretor Global de Análise de Negócios de Vida, Funções Técnicas de Vida, da Zurich Insurance, afirmou que o relatório confirmou a preocupação das pessoas em proteger seu futuro, mesmo em um momento em que a prioridade era superar o desafio imediato do COVID-19. “Isso é evidente em todas as idades. O planejamento para aposentadoria é uma preocupação universal.” Os empregadores são responsáveis por assegurar que seus funcionários entendam a importância dessa proteção e conheçam as opções disponíveis, declarou Sr. Kroepfl. “Os jovens, em especial, devem entender que seu maior ativo é sua renda futura e que precisam protegê-la.”

Embora as empresas considerem que têm um papel na promoção do bem-estar financeiro, elas têm menos certeza de como cumpri-lo.

  • 64% dos entrevistados consideravam que suas próprias empresas tinham um papel em instruir seus funcionários em soluções de planejamento financeiro, resiliência e bem-estar.
  • Três quartos (76%) acreditam que o bem-estar financeiro recebia a mesma atenção que o bem-estar físico e/ou mental.
  • Para tanto, 68% implementaram programas educacionais (on-line ou presenciais) elaborados para fornecer conhecimento e compreensão sobre benefícios financeiros e de seguro aos funcionários.

A COVID-19 também expôs a fragilidade dos acordos de contratação na modalidade autônoma para muitos tipos de profissionais, ao mesmo tempo que reforçou os aspectos mais atraentes para empresas que buscam cortar custos. O trabalho autônomo era considerado por muitos profissionais como uma oportunidade para flexibilidade e crescimento na carreira, mesmo que às custas da estabilidade e de certos benefícios promovido por empregadores. O tempo dirá se essas mesmas pessoas darão mais valor à segurança dos acordos de trabalho mais tradicionais. Por outro lado, se fosse possível disponibilizar seguro para desemprego e benefícios combinados e de baixo custo a profissionais autônomos e temporários (como para os funcionários) como parte de um novo contrato social, a divisão rígida entre trabalhar dentro e fora de uma organização se tornaria uma ideia ultrapassada.

Os funcionários podem precisar de uma ampla gama de produtos de seguro, consistentes com os riscos que podem enfrentar no futuro imediato e em longo prazo. Considerando os custos associados à manutenção de um ambiente de trabalho saudável, oferecer esses benefícios exigirá o comprometimento de empregadores, funcionários e governos. Parece improvável que os governos ampliem os sistemas de saúde pública e previdência, ou que tenham condições de fazê-lo.


“Atender às necessidades holísticas da força de trabalho durante a transição por diferentes estágios profissionais é a chave para construir sustentabilidade na vida profissional.”

Wendy Liu, Diretora de Vida e Previdência Privada da Zurich Insurance Group, afirma: “O trabalho se tornou parte do estilo de vida dos funcionários, com uma linha cada vez mais tênue entre a vida pessoal e profissional. A tecnologia acelerou essa evolução. Os profissionais valorizam benefícios personalizados para funcionários e ajustados às suas necessidades muito mais do que o padrão tradicional.

“Atender às necessidades holísticas da força de trabalho durante a transição por diferentes estágios profissionais é a chave para construir sustentabilidade na vida profissional. A comunicação e o engajamento de empregadores com funcionários tornaram-se mais essenciais para ajudar os profissionais a compreender melhor os diversos benefícios oferecidos e quais lacunas em sua vida profissional precisam ser atendidas. “

À medida que as consequências econômicas da pandemia persistem, pode parecer prematuro pensar sobre muitas dessas questões. Mas o custo de ignorá-las é amplamente superado pelos benefícios de começar a desenvolver um novo contrato social agora. Os empregadores estão na linha de frente de um mundo do trabalho em rápida evolução e ocupam a melhor posição para liderar a mudança e construir um futuro melhor.