Por que as empresas devem se importar com a biodiversidade

Riscos e resiliênciaArtigo19 de abril de 2021

Nossa biodiversidade está sob imensa ameaça. Ela é o sistema de suporte de vida para a humanidade. É por isso que você deve se importar e isso é o que você deve fazer.

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Biodiversidade não é uma palavra da moda. Ela é vital para o nosso planeta. Ela é vital para o futuro da humanidade. E, portanto, ela é vital para o sucesso futuro de seu negócio, seu setor e toda a economia global. O valor de bens e serviços fornecidos pelos ecossistemas é estimado em US$ 125 trilhões por ano. Se você é motivado por cifrões, então esse número por si só deve fazer com que você considere a biodiversidade.

Mas ela está sob imensa ameaça. A biodiversidade tem declinado mais rápido do que em qualquer momento na história da humanidade. E esse declínio está sendo impulsionado pela atividade humana. [Capture a atenção do leitor com uma ótima citação do documento ou use este espaço para enfatizar um ponto-chave. Para colocar essa caixa de texto em qualquer lugar na página, basta arrastá-la.]

Nós estamos explorando nossos recursos naturais através de colheitas, extração de madeira, caça e pesca excessiva, mas nós também os poluímos, desde resíduos não tratados e poluentes industriais a vazamentos de óleo e poluição marinha com plástico.

Práticas industriais e agrícolas causam desmatamento, poluição de águas subterrâneas, perda de pântanos e colapso dos recifes de corais, o que significa que cerca de 1 milhão de espécies de animais e plantas estão ameaçadas de extinção, muitas em décadas, de acordo com a Plataforma de Política Científica Intergovernamental sobre Biodiversidade e Ecossistema Serviços (IPBES).

Qual será o impacto dessa destruição? Nós não conseguimos ter certeza. Mas, como a pandemia de COVID-19 nos mostrou, toda a vida está conectada: uma perturbação em uma parte do mundo terá um efeito cascata em outra.


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O sistema de suporte de vida da humanidade

A biodiversidade é o sistema de suporte de vida para a humanidade. Ela sustenta o sistema de alimentos do mundo; mantém a qualidade do ar, da água doce e dos solos; distribui água doce; regula o clima; providencia polinização e controle de pestes; absorve emissões de carbono e reduz o impacto de desastres naturais.

Por exemplo, de acordo com o IPBES, mais de 75% dos tipos de culturas de culturas alimentares globais, incluindo frutas, vegetais e safras comerciais, como café, cacau e amêndoas, dependem da polinização animal.

A biodiversidade também fornece matérias-primas e medicamentos básicos. A IPBES estima que 2 bilhões de pessoas dependem de lenha para atingirem às suas necessidades de energia primária, 4 bilhões de pessoas dependem principalmente de medicamentos naturais para seus cuidados de saúde e 70% de medicamentos utilizados contra o câncer são naturais ou são produtos sintéticos inspirados na natureza.

É por isso que o Relatório de Riscos Globais de 2021 do Fórum Econômico Mundial classifica a perda de biodiversidade entre os cinco principais riscos em termos de probabilidade e impacto pelo segundo ano consecutivo.


Por que as empresas devem se importar?

“As empresas são dependentes da biodiversidade. O nível de dependência pode variar através dos setores, mas a perda da biodiversidade é um risco crítico para todos,” explica Peter Giger, Diretor de Risco da Zurich Insurance Group.


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“A destruição da natureza inevitavelmente impactará os resultados financeiros, por exemplo, através da redução dos estoques de peixes e suprimentos de alimentos, a interrupção das cadeias de suprimento de commodities, as perdas econômicas por desastres naturais e a perda de potenciais novos recursos de medicamentos e matérias-primas,” diz Giger.

Existem também riscos indiretos nos quais as empresas devem considerar. Por exemplo, a perda da biodiversidade apresenta riscos de reputação, regulatórios e financeiros para as empresas.

“Você precisa olhar para os riscos interconectados porque seu impacto pode ser de um alcance muito maior do que o imaginado,” diz Eugenio Molyneux, Diretor de Risco para Seguros Comerciais da Zurich.

“Pegue uma fabricante de sapatos, por exemplo. Eles podem pensar que a perda da biodiversidade não está relacionada em nada a eles, mas de onde eles adquirem seu couro? O fornecedor deles está desmatando florestas para criar gado? Houve algum impacto na biodiversidade como consequência?

“Assim como uma empresa pode ser processada por poluir um abastecimento de água, talvez não seja um cenário extremo para um litígio semelhante ser aplicado à perda de biodiversidade. Este é um problema para cada um de nós – empresas, governos e indivíduos – e todos precisam fazer sua parte”, diz Molyneux.

Mas como as empresas podem cumprir sua parte? Giger diz que as empresas devem desenvolver métricas para avaliar sua interação com o meio ambiente e seu impacto sobre a biodiversidade, incluindo emissões de gases de efeito estufa, uso da água, poluição da água e do ar, mudanças no uso da terra e resíduos sólidos.

“Depois de compreender o valor da natureza para a sua empresa, você consegue priorizar ações para mitigar o impacto da perda da biodiversidade e identificar práticas na cadeia de suprimento e abastecimento que entregam resultados positivos para a natureza”, diz Giger.

As empresas também podem desempenhar um crítico papel na proteção da biodiversidade, apoiando esforços externos de conservação. A Zurich, por exemplo, está apoiando Instituto Terra, uma organização sem fins lucrativos, a plantar 1 milhão de árvores nativas como parte do projeto “Floresta Zurich” na Mata Atlântica Brasileira.

“Não se trata somente de evitar riscos”, diz Molyneux. “Existem inúmeras oportunidades disponíveis para empresas que atuam de forma responsável em seu impacto sobre a biodiversidade. Muitos agora estão focando na agricultura regenerativa, diversificando o uso de ingredientes e colheitas e aprimorando a gestão de ecossistemas naturais.


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“Outros estão capitalizando sobre o crescente interesse em alimentos e bebidas orgânicas, ecoturismo e fibras ecológicas nas indústrias têxteis e da moda.”


Desafios Gêmeos

Há justificadamente muita atenção voltada à 26ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática das Nações Unidas (COP26) em Glasgow, Reino Unido, em novembro de 2021. Mas a recém reorganizada 15ª Conferência das Partes sobre Biodiversidade das Nações Unidas (COP15) em Kunming, China, que ocorrerá um mês antes, merece a mesma atenção. Ela será a maior cúpula da biodiversidade em uma década, na qual se espera que os países cheguem a um acordo quanto as metas para proteção de espécies e gestão sustentável de terra.

A mudança climática e a perda da biodiversidade são desafios globais gêmeos. As empresas devem considerá-las de forma coordenada. A mudança climática pode minar os esforços feitos para conservar e gerenciar a biodiversidade de forma sustentável, enquanto a nossa biodiversidade oferece algumas das mais eficazes soluções de mitigação e adaptação para a mudança climática.

“Se não mudarmos nossos comportamentos, então a degradação e a destruição da nossa biodiversidade continuarão inabaláveis, o que prejudicará ainda mais a saúde humana, as economias e as sociedades”, alerta Giger.

“Mas se aprendermos a conservar, restaurar e usar nossa biodiversidade de forma justa e sustentável, então seremos capazes de continuar a acessar uma variedade de recursos naturais maravilhosos. Não só por agora, mas por muitas mais gerações que virão.”