5 empregos ‘verdes’ do futuro

Riscos e resiliênciaArtigo2 de junho de 2021

O movimento ambiental está criando novos desafios e oportunidades para a economia global. Neste artigo, iremos analisar cinco carreiras que provavelmente prosperarão neste admirável mundo novo – e mais verde.

Compartilhe isto

As políticas ambientais sem dúvida ajudam o planeta, mas será que elas afetarão as perspectivas de emprego?

O recente impulso para frear a mudança climática e reduzir as emissões é certamente uma notícia preocupante para as indústrias de petróleo, gás e outros combustíveis fósseis. Na verdade, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) da ONU prevê que mudanças inspiradas no meio ambiente na indústria energética levarão à perda de 6 milhões de empregos em todo o mundo. Isso parece desastroso, mas o panorama geral é muito mais positivo, já que é previsto que a criação de novos empregos “verdes” sustentáveis compensará e ultrapassará o déficit.


Verde significa empregos

Na verdade, as indústrias verdes já são grandes empregadores globais: um relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) de 2020 constatou que existem hoje 11,5 milhões de empregos no setor de energia renovável; enquanto um estudo de 2019 estimou que havia 10 vezes mais empregos verdes dos EUA do que em toda a indústria de combustíveis fósseis do país – uma reviravolta extraordinária. De acordo com a OIT, o futuro parece ainda mais promissor (e mais verde): a “ecologização” da economia global criará 24 milhões de empregos até 2030, um aumento líquido de 18 milhões.


comillas

“Abordando da maneira correta, podemos traçar um caminho para um futuro mais resiliente, englobando novas oportunidades de crescimento”.

Linda Freiner, Chefe de Sustentabilidade do Grupo Zurich


Como explica Linda Freiner, Chefe de Sustentabilidade do Zurich Insurance Group: “A sustentabilidade corporativa não se trata apenas de preservar os recursos naturais e proteger o meio ambiente. Abordada da maneira correta, ela pode traçar um caminho para um futuro mais resiliente, englobando novas oportunidades de crescimento para os negócios, o que levará a criação de novos empregos”.

Mas antes sair correndo para se candidatar a uma vaga, cabe indagar o que, exatamente, torna um emprego “verde”. A OIT possui uma definição bastante prática, destacando também a variedade de empresas que fazem a diferença: “Os empregos verdes são empregos decentes [ou seja, justos e dignos] que contribuem para preservar ou restaurar o meio ambiente, incorporando um ou mais dos seguintes aspectos: melhorar a eficiência energética e de matérias-primas; limitar as emissões de gases de efeito estufa; minimizar a geração de resíduos e poluição; proteger e restaurar ecossistemas; além de apoiar a adaptação aos efeitos da mudança climática”.

Portanto, à medida que as indústrias sustentáveis impulsionam uma parcela cada vez maior da economia global, seguem abaixo cinco carreiras ‘verdes’ que provavelmente terão um papel central:

1. Agricultor urbano
A agricultura urbana ou vertical usa uma combinação de arquitetura inovadora e a mais recente tecnologia agrícola, às vezes, incluindo a IA, para o cultivo de culturas nas cidades. Ela ajuda o meio ambiente usando menos terra e água, não usando pesticidas e economizando combustível, encurtando a cadeia de fornecimento de alimentos. Os jardins e fazendas verdes também beneficiam o ambiente urbano ao ajudar na permeabilização de edifícios, absorvendo chuvas fortes e melhorando a qualidade do ar. A agricultura urbana parece nova, até mesmo futurista, mas na verdade está bem estabelecida. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (UNFAO), a agricultura urbana já é praticada por mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo.

2. Eco-construtor
A indústria de construção continua sendo uma das principais causas de poluição: de acordo com a ONU, a construção civil é responsável por 38% das emissões globais de CO2. No entanto, existe uma boa fundamentação para o otimismo. O uso crescente de materiais naturais e ecológicos e métodos modernos de construção (MMC) apoiados por uma nova legislação poderia, de acordo com o Programa Ambiental da ONU, reduzir as emissões dos edifícios verdes em até 84 gigatoneladas de CO2 até 2050. Enquanto isso, dentro dos edifícios do futuro, a tecnologia inteligente ajudaria as pessoas a usar o calor, a luz e outros recursos de forma mais eficiente. Construir casas e escritórios mais verdes do futuro (e reestruturar as construções antigas para atender aos padrões modernos) é um esforço enorme que requer centenas de pessoas especializadas. A OIT previu que até 2030, haverá 6,5 milhões de empregos no setor de construção sustentável, tornando-o o segundo setor de mais rápido crescimento atrás da energia verde.

3. Engenheiro de energia renovável
As empresas tradicionais de energia desenvolvidas em torno do uso de petróleo, gás, carvão e outros combustíveis fósseis sempre utilizaram técnicos e engenheiros qualificados. Felizmente, versões mais verdes dessas mesmas funções estão, hoje em dia, cada vez mais disponíveis no setor de energia renovável, onde empresas multi-funcionais, que trabalham no campo de energia hidrelétrica e biocombustíveis até mesmo em turbinas eólicas e transporte limpo (incluindo carros elétricos) estão se saindo muito bem. Curiosamente, a energia solar hoje está à frente, com 3,8 milhões de empregos em todo o mundo, de acordo com o IRENA. É previsto que instaladores de painéis solares e técnicos de turbinas eólicas serão os empregos com o maior crescimento nos Estados Unidos até 2026.

4. Reciclador na nova “economia circular”
De acordo com Kate Raworth, economista do Instituto de Mudanças Ambientais da Universidade de Oxford: “Nossa economia futura irá prosperar na reutilização, reparo, reforma, reconstrução e reestruturação – esta transformação criará novos tipos de empregos criativos e específicos”. Esta nova ‘economia circular’ inclui tanto a reciclagem convencional, que reutiliza matérias-primas, quanto carreiras mais criativas como upcycling, como designers de moda e de móveis sustentáveis que criam novos produtos a partir de lixo e outros resíduos. A OIT prevê que o afastamento do velho modelo de consumo de “extrair, fabricar, usar e descartar” para uma maior ênfase na “reciclagem, reutilização e reparo” criará cerca de 6 milhões de empregos em todo o mundo.

5. Especialista em sustentabilidade
É importante que se tenha em mente que os empregos verdes do futuro não se encontrarão apenas nos setores sustentáveis. Todas as empresas hoje possuem um papel em tornar a economia mais verde. O diretor (ou consultor) de sustentabilidade deve progredir, uma vez que sua missão inclui transformar modelos de negócios, reduzir o uso de energia, água, emissões e desperdício da empresa, além de investigar as cadeias de fornecimento para garantir que os bens e serviços que utiliza sejam adquiridos de maneira sustentável.

Os funcionários também devem mudar. Uma pesquisa constatou que 3/4 (73%) das pessoas querem que a política de sustentabilidade melhore em seu local de trabalho, enquanto 1/4 (24%) recusaria um emprego em uma empresa com um histórico de sustentabilidade ruim. Como afirmou Linda Freiner, da Zurich: “A sustentabilidade é uma questão global. Todas as empresas do século XXI – grandes ou pequenas – possuem um papel importante e significativo nesse sentido”.

A grande tendência de emprego da próxima década, claramente, serão os empregos ‘verdes’. A reconstrução da economia mundial no período da COVID-19 é outra. Este momento único na história apresenta, portanto, uma oportunidade inesperada, e também animadora, de “reconstruir mais verde”, canalizando os pacotes de estímulo pós-COVID de bilhões de dólares prometidos pelos governos em iniciativas sustentáveis.

No Dia da Terra 2020, o Secretário Geral da ONU, António Guterres, defendeu tal argumento ao dizer que a pandemia deveria proporcionar “novos empregos e empresas através de uma transição limpa e verde”. A OIT também vê o processo de reconstrução pósCOVID como uma oportunidade única. “Ao trabalhar juntos” – disse – “governos, trabalhadores e organizações de empregadores podem iniciar uma transição certa para um futuro sustentável, hoje mesmo”.