Alguém se lembra do Dia da Árvore?

Por Michael J. Agovino

O Dia da Árvore é comemorado nos EUA na última sexta-feira de abril e, anteriormente, foi registrado em muitos calendários. Foi até comemorado por um famoso personagem de desenho animado e seus amigos. Mas será que ele foi esquecido? Aqui está uma explicação.

Diga-nos novamente, o que é exatamente o Dia da Árvore?

Simplificando, o Dia da Árvore é a celebração do plantio de árvores. Também se trata de educar o público sobre a importância das árvores. Embora possa não ter sido conhecido como tal, uma comemoração semelhante data de 1594 na Espanha. Mas o Dia da Árvore como o conhecemos – para aqueles que ainda se lembram dele – começou no estado americano de Nebraska em 1872. Em outras palavras, muito antes do Dia da Terra, que foi instituído em 1970, bem na época em que o atual movimento ambientalista começou. De acordo com o site ArborDay.org, a ideia foi do editor de jornal J. Sterling Morton, e estima-se que 1 milhão de árvores tenham sido plantadas no primeiro Dia da Árvore, em 10 de abril de 1872. Em 1885, tornou-se feriado estadual e, em 1920, expandiu-se para 45 estados e territórios e, por fim, para todos os 50 estados, com a maioria deles comemorando-o na última sexta-feira de abril, neste ano cai em 28 de abril. O site ArborDay.org também lista dezenas de outros países que têm feriados semelhantes comemorados em datas diferentes, de Barbados à Bulgária, do Togo à Tunísia. Como Morton disse quando criou o site: “Outros feriados refletem o passado; o Dia da Árvore propõe o futuro”.

“Acho que nunca verei 
Um poema tão lindo quanto uma árvore”.

Joyce Kilmer

Espere, isso soa familiar agora.

Talvez você se lembre dele graças ao criador de Snoopy, Charles M. Schulz, que o celebrou em seu especial de TV “É o Dia da Árvore, Charlie Brown”, de 1976. Nele, a Turma do Charlie Brown descobre o significado do Dia da Árvore quando Sally, a irmã de Charlie Brown, é convidada por um professor da escola a explicá-lo. “O que é o Dia da Árvore? Ah, isso é simples”, diz ela. “É o dia em que todos os navios entram no cais.” Quando riram dela na frente de toda a classe, ela parte em uma busca, com a ajuda de Linus, para saber mais. Segue-se a comédia, bem como um jogo de beisebol. Pode não ser um especial clássico do Snoopy – Charlie Brown e a grande abóbora de Halloween, os aficionados por Snoopy lhe dirão – mas tem seus encantos e até defende sutilmente as virtudes do ciclismo em sua sequência de abertura.

Então, o que aconteceu com o Dia da Árvore?

Bem, na verdade, nada. Mas como o Dia da Terra – que antecede o Dia da Árvore em menos de uma semana – ganhou mais força e abrangeu mais coisas, especialmente porque a mudança climática se tornou uma preocupação constante nas últimas décadas, o dia dedicado apenas às árvores, por mais importante e presciente que fosse, talvez tenha perdido um pouco de sua importância. A narrativa mudou muito, passando do simples plantio de árvores para a restauração e o enriquecimento de ecossistemas biodiversos.

Em outras palavras, trata-se de mais do que árvores?

Sim! Apenas plantar uma árvore não é suficiente para ajudar o planeta. Projetos de reflorestamento desordenados podem, na verdade, aumentar as emissões de CO2 e ter um impacto negativo na natureza. Por exemplo, plantar apenas árvores de crescimento rápido e não nativas pode criar monoculturas e as chamadas “florestas silenciosas” que não dão condições de vida. Uma floresta real é um ecossistema complexo, multicamadas e biodiverso, que contém uma variedade de árvores e outras plantas, bem como insetos, mamíferos, pássaros e répteis.

E a sustentabilidade também é mais do que a soma de suas árvores, certo?

“Com certeza”, diz Robert Wyse, gerente de clima e natureza da Zurich. “Muito mais do que simples coleções de árvores, as florestas são cruciais para a mitigação da mudança climática, absorvendo até um terço do gás carbônico liberado pela queima de combustíveis fósseis todos os anos. Mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo dependem das florestas para obter abrigo, meios de subsistência, água e segurança alimentar. E as florestas são o lar de mais de ¾ das espécies terrestres documentadas do mundo. Elas também são cruciais para a proteção da biodiversidade e para o ambiente saudável e estável de que desfrutamos há milhares de anos”.

O Projeto Zurich Forest é um exemplo?

Com certeza é. O projeto Zurich Forest começou em 2020 como uma colaboração entre a Zurich Insurance e o Instituto Terra, a organização sem fins lucrativos fundada por Sebastião e sua esposa Lélia Salgado na Mata Atlântica no estado brasileiro de Minas Gerais – não confundir com a floresta amazônica que Salgado documentou em seu último projeto épico, Amazônia. Os Salgados fundaram o Instituto Terra em 1998 para restaurar uma antiga fazenda de gado da família. Desde então, mais de 2 milhões de árvores foram plantadas e mais de 250 espécies de animais nativos retornaram. A Zurich contribuirá apoiando a expansão do Instituto Terra em 700 hectares e plantando 1 milhão de árvores – e plantando as sementes certas no solo certo, envolvendo a comunidade local. (Foto, acima).

Legal.

“Sim, achamos que sim”, diz Wyse. “O Projeto Zurich Forest é um excelente exemplo das ações que precisamos tomar para alcançar os resultados não apenas do A COP 15 da biodiversidade, em que se chegou a um acordo global para colocar a natureza em um caminho de recuperação, mas também para cumprir o Acordo de Paris e alcançar um futuro zero líquido. Ambos os objetivos são interdependentes, e as florestas são fundamentais para alcançar ambos. Não existe zero líquido sem florestas!”

Agora, de volta ao Dia da Árvore...

Como o Financial Times publicou no início deste mês: “Plantar árvores é mais complicado do que parece. Os ecossistemas devem ser restaurados para evitar o colapso da biodiversidade, dizem os especialistas, mas ‘no local certo e da maneira certa’”. Portanto, aproveite o Dia da Árvore, mas faça-o com sabedoria. “A ideia principal do Dia da Árvore é a conservação”, Linus lê para Sally no especial do Snoopy. “O Dia da Árvore aponta, tanto para crianças quanto para adultos, a necessidade de manter e proteger certas áreas de florestas e bosques naturais”. Muito bem colocado. E não há nada de antiquado nisso, Charlie Brown.